sábado, 25 de abril de 2009

Crise leva 55 milhões à miséria, segundo Bird

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HTML clipboardNúmero de pobres na América Latina e no Caribe deve aumentar de 37,6 milhões para 40,3 milhões

A crise mundial poderá jogar ou manter na miséria 55 milhões de pessoas - 90 milhões, na pior hipótese -, forçadas a viver com até US$ 1,25 por dia, segundo o Banco Mundial (Bird). A quantidade de pessoas muito pobres deverá aumentar de 37,6 milhões para 40,3 milhões na América Latina e no Caribe, subindo de 6,6%, em 2008, para 7% da população neste ano.

De modo geral, a redução da pobreza poderá continuar em 2009, com o número total de pobres caindo de 1,202 bilhão para 1,183 bilhão. Mas o contingente será maior que o previsto antes da crise, de acordo com o Relatório de Acompanhamento Global, divulgado ontem em washington. Será um declínio de 0,6 ponto porcentual, muito menor que a redução média dos três anos anteriores, 1,3 ponto.

O crescimento econômico dos países emergentes e em desenvolvimento deve recuar de 6,1% em 2008 para 1,6% neste ano e essa média dependerá principalmente do desempenho da China e de outras economias do Leste Asiático. Cada ponto porcentual a menos de expansão nos países em desenvolvimento pode manter 20 milhões de pessoas na pobreza.

Os efeitos da crise variam de acordo com a região e os países e devem ser mais severos na África Subsaariana, interrompendo a melhora das condições de vida numa das áreas mais miseráveis do mundo. Nos países pobres importadores de comida, a situação começou a agravar-se há alguns anos, com a alta dos preços internacionais dos alimentos.

Antes de se agravar a crise de abastecimento, em 2007, havia cerca de 850 milhões de pessoas cronicamente famintas no mundo em desenvolvimento, segundo o relatório. O número subiu para 960 milhões no ano passado e deve passar de 1 bilhão em 2009, de acordo com estimativa do Banco Mundial.

Embora o número de pobres deva aumentar na América Latina e no Caribe, a situação geral da região, com 7% de pobres, continuará bem melhor que a de outras áreas emergentes ou em desenvolvimento. A proporção mundial deve ficar em 20,7% este ano - 10,4% no leste da Ásia e no Pacífico, 33,9% no sul da Ásia, 46% na África Subsaariana, 3,3% na Europa e na Ásia Central e 2,5% no Oriente Médio e no norte da África.

ESCASSEZ DE CRÉDITO

Os países emergentes e em desenvolvimento estão sendo afetados pela escassez do crédito internacional, pela diminuição do volume e dos preços das exportações, pela redução do dinheiro remetido por trabalhadores no exterior e pela contração dos investimentos externos.

Em 2008, os migrantes enviaram US$ 306 bilhões para os países emergentes e em desenvolvimento e para os chamados "Estados frágeis". O valor deve cair para US$ 291,4 bilhões em 2009 e US$ 298,7 bilhões em 2010, segundo o relatório. O ingresso líquido de capitais privados para esses países atingiu o pico de US$ 898 bilhões em 2007, diminuiu para US$ 586 bilhões em 2008 e está projetado em US$ 180 bilhões em 2009 - uma queda, portanto, de US$ 718 bilhões em dois anos.

As Metas de Desenvolvimento do Milênio, negociadas na Organização das Nações Unidas (ONU) incluem a redução dos indicadores de pobreza, até 2015, à metade dos observados em 1990. No caso da população abaixo da linha de pobreza extrema (US$ 1,25 por dia), o objetivo é reduzir a proporção de 41,7% para 20,9%.

Pelas últimas projeções, será possível ultrapassar esse resultado e chegar a cerca de 15%, mas a crise retarda esse progresso e, além disso, a evolução dos vários indicadores de condições de vida é desigual.

Com a crise, a mortalidade infantil tende a crescer. Segundo o relatório, do banco Mundial entre 2009 e 2015 poderá haver em média, por ano, pelo menos 200 mil mortes de crianças a mais do que haveria sem a interrupção abrupta do crescimento econômico. Na pior hipótese, o número poderá chegar a 400 mil.

A ajuda oficial aos países pobres, proporcionada pelos mais desenvolvidos, cresceu 10% de 2007 para 2008, mas ainda ficou US$ 29 bilhões abaixo da meta de US$ 130 bilhões anuais fixada para 2010 pelo Grupo dos 8 (as sete economias mais ricas do mundo e a Rússia).

Fonte: Estado de São Paulo

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