sábado, 25 de abril de 2009

Brasil impõe condições para elevar cota no FMI

País quer em troca um título de curto prazo, negociável no mercado

O Brasil impõe condições para participar do aumento de recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI), disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Os líderes do Grupo dos 20 (G-20) decidiram, em Londres, no dia 2, elevar de US$ 250 bilhões para US$ 750 bilhões o total disponível para empréstimos, mas o Brasil só entrará com a sua parte se receber em troca um título de prazo em torno de um ano, negociável no mercado, contabilizável como reserva e com rendimento pouco superior ao dos papéis do Tesouro americano.

Além disso, será proposta a regionalização dos financiamentos concedidos com base nessas contribuições. Segundo ele, Rússia, China e Índia (outros membros do Bric) têm a mesma posição e só vão anunciar suas contribuições depois de conhecer as características do novo papel. O ministro falou com a imprensa no saguão do FMI, depois de uma reunião com os colegas daqueles países.

Logo após a reunião do G-20, o governo brasileiro admitiu a hipótese de participar com duas contribuições. Uma seria em torno de US$ 10 bilhões e integraria o bolo de recursos definido pelos chefes de governo. A outra seria um empréstimo de US$ 4,5 bilhões, com o Brasil passando a integrar o grupo de credores do Fundo. Este segundo aporte está confirmado.

Segundo Mantega, o aporte maior tem de ser de curto prazo, para não deixar o FMI em posição confortável e propenso a retardar a reforma das cotas e votos. Não explicou por que isso ocorreria, se a reforma é uma bandeira da direção do Fundo. A primeira redistribuição ocorreu em 2006, na reunião de Cingapura, e a China se tornou detentora de 3,66% dos votos. É a quinta maior parcela, abaixo da de Estados Unidos (16,77%), Japão (6,02%), Alemanha (5,88%), França e Reino Unido (4,86% cada). O Brasil e mais oito países de seu grupo detêm, juntos, 2,42%. Os EUA vão manter poder de veto enquanto as decisões mais importantes dependerem de 85% de apoio.

A chefia do FMI, segundo Mantega, propôs a emissão de um título com duas categorias, A e B, sendo a segunda de prazo mais longo. O Bric, segundo ele, rejeita essa concepção e cobra uma definição rápida para juntar o dinheiro necessário ao enfrentamento da crise.

Os governos do mundo rico, no entanto, já anunciaram contribuições de peso - US$ 100 bilhões da União Europeia, US$ 100 bilhões do Japão, US$ 10 bilhões do Canadá, US$ 10 bilhões da Suíça e US$ 4,5 bilhões da Noruega. O FMI poderá levantar US$ 6 bilhões com a venda de ouro. Só essas parcelas somam US$ 224,5 bilhões, valor quase igual ao da emissão de novos Direitos Especiais de Saque (US$ 250 bilhões) proposta pelo G-20. Os EUA poderão entrar com US$ 100 bilhões, mas dependem de aprovação legislativa.

Segundo Mantega, os emergentes já exercem maior influência antes da reforma das cotas e votos do FMI porque participam do G-20 financeiro. "O FMI está sendo pautado pelo G-20", disse o ministro. "Hoje, a instituição mais importante na coordenação das ações contra a crise é o G-20", acrescentou. Depois da reunião de Londres, "a economia mundial deu uma melhorada", disse Mantega.

Fonte: Estado de São Paulo

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